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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Onde repousam os Grandes?

A máxima da FIDE "gens una sumus" (Somos uma raça, um clã, uma família, uma linhagem... Não é tão fácil encontrar a tradução exata à expressão latina) reflete não só o vínculo entre os aficionados ao xadrez contemporâneos, mas também a especial relação que se estabelece entre diferentes gerações.

Este é o sentido da frase com que Frank Mayer intitula seu artigo sobre as últimas moradas de alguns dos mais ilustres homens, que escreveram páginas transcendentes na história do xadrez.

Suas obras, analisadas e escrutinadas uma e outra vez, ainda seguem desempenhando um papel importante na aprendizagem e no desfrute do jogo.

E que assim seja por muitos anos!


Para nós, os mortos vivem



Adolf Anderssen (1818 - 1879)

Poderia dizer-se que foi o jogador mais forte do século XIX. Calcula-se que seu melhor Elo poderia rondar os 2.744 pontos em 1870. Foi enterrado em 1879, em Breslau (Alemanha), (Wroclaw, em polonês). Devido à destruição de sua sepultura durante a II Guerra Mundial, o governo polonês e a FIDE decidiram pela exumação, em 1957, e agora descansa na Avenida dos Heróis do cemitério Oswitz (Polônia)

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Paul Morphy (1837 - 1884)

Foi o jogador mais genial do século XIX. Sua pontuação Elo no momento de máximo esplendor, 1859, estima-se em 2.743. Chegou ao final de seus dias com as faculdades mentais perturbadas e foi enterrado em Nova Orleans.

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Wilhelm Steinitz (1836 - 1900)

É considerado como o primeiro Campeão do Mundo. Realmente, pode dizer-se que inventou o título, depois de derrotar a Anderssen, em 1866. Seu melhor Elo é estimado em 2.826 pontos, em 1870. Austríaco de nascimento, naturalizou-se inglês e terminou seus dias como norte-americano. Morreu em Nova York, enfermo e com suas faculdades intelectuais abaladas. Conta-se que nessa época tinha lançado publicamente um desafio a Deus, a quem se propunha ganhar, dando-lhe um peão e a jogada inicial de vantagem.

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Emanuel Lasker (1868 - 1941)

Foi o segundo Campeão do Mundo e conservou seu título durante vinte e sete anos, de 1894 até 1921. Calcula-se que seu melhor Elo estaria em 2.878 pontos, em 1894. Doutor em matemática e filosofia, manteve-se ativo até uma idade avançada, pois aos 67 anos disputou com sucesso o torneio de Moscou. Destacou-se por sua abordagem psicológica e pragmática do jogo. Descansa no cemitério "Beth Olom Cemetery" de Queens (Nova York).

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De meu encontro com ele, já lhes escrevi em outra parte.

Ao ser informado de sua morte, Alexander Alhekine colocou um pano preto sobre seu pequeno tabuleiro de viagem, em sinal de sua profunda dor. Em baixo, encontrou-se (por acaso ou não) anotações de uma partida contra Lasker que, sendo campeão do mundo, não pôde ganhá-la e se salvou com um empate in extremis.


José Raul Capablanca (1888 - 1942)

É considerado o melhor jogador de todos os tempos. Foi o terceiro Campeão do Mundo, entre 1921 e 1927. Seu melhor Elo está calculado em 2.877 pontos, em 1921. Depois de sofrer um infarto do miocárdio, no Manhattan Chess Clube de Nova York. Foi enterrado na Necrópole Cristóvão Colombo de Havana (Cuba)

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Alexander Alekhine (1892 - 1946)

É possível que este francês de origem russa tenha sido o enxadrista mais genial. Foi Campeão do Mundo nos períodos de 1927-1935 e 1937-1945. Estima-se que seu melhor Elo rondaria os 2.860 pontos, em 1931.

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Existe um interessante artigo sobre os mistérios acerca de sua morte. É aterradora e tremendamente comovedora a foto policial em que aparece morto. Sua morte repentina deixou o mundo inteiro mudo, de tal forma que somente dois anos mais tarde (em 1948) organizou-se um novo campeonato do mundo.


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Atualmente, está enterrado no cemitério Montparnasse de Paris, com a ajuda da FIDE.


Max Euwe (1901 - 1981)

Foi o 5º Campeão do Mundo, durante os anos 1935 - 1937. Seu melhor Elo está estimado em 2.769 pontos, em 1936. Nunca fez do xadrez sua profissão: inclusive, no ponto mais alto de sua história diante do tabuleiro, exercia a profissão de professor de matemática. Foi Presidente da FIDE de 1970 até 1978. Ao morrer Max Euwe em novembro de 1981, seus restos mortais foram incinerados. A cerimônia funeral teve lugar no cemitério Driehuis-Westerveld, perto de Amsterdam.

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Como recordação permanente, foi erigido em maio 2004 um centro com o nome "Max Euweplein" em dita cidade, de acordo com as fotos adjuntas.

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Nesta fotografia, pode-se ver, à esquerda, sua filha e sua neta. Emocionante!


Mikhail Tal (1936 - 1992)

O indiscutível "campeão do ataque" foi o oitavo Campeão do Mundo, entre 1960 e 1961. Seu melhor Elo está calculado em 2.700 pontos, em 1960. Sua saúde frágil lhe causou vários problemas e sua vida decorreu entre desilusões e renascimentos. Aos 17 anos, jogou pela primeira vez contra um grande mestre e aos 25 já era ex-campeão do mundo. Suas brincadeiras e senso de humor se converteram em proverbiais. Está enterrado no cemitério judeu de Riga (Letônia). Reparem bem na reprodução de uma imagem tão viva, e no cigarro entre os lábios!

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Tigran Vartanovitch Petrossian (1929 - 1984)

Foi o nono Campeão do Mundo e seu reinado decorreu entre 1963 e 1969. Sua solidez lhe fez merecedor do título de "melhor goleiro da Armênia". Seu melhor Elo: 2.690 em 1962. Seu jogo conservador e prudente fez com que se mantivesse invicto nas Olimpíadas disputadas entre 1958 e 1978, com 79 vitórias e 50 empates. Tal comentava sobre ele, com humor, que era capaz de pressentir o perigo "vários dias antes". Morreu com a idade de 55 anos, depois de uma longa doença (câncer) em Moscou. Está enterrado no cemitério armênio de Moscou.

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Na foto, um jovem Kasparov é o encarregado de tirar o véu de seu mausoléu: Para ser sincero, não vi em minha vida um lugar comemorativo com tanta "grandeza".


Mikhail Moiseiewitch Botvinnik (1911 - 1995)

Toda uma referência do xadrez soviético e mundial! O sexto Campeão do Mundo teve três reinados: 1948-1957, 1958-1960 e 1961-1963. Estima-se que seu melhor Elo seja de 2885 pontos, em outubro de 1945. Seu apelido de "o engenheiro do xadrez" devia-se a seu estilo muito trabalhado, meticuloso e calculista, dominando com maestria todas as fases do xadrez. Botvinnik fundou e dirigiu uma escola para jovens talentos - entre os quais destacaram-se Karpov e Kasparov, que se converteu no famoso "Mikhail Botvinnik Central Chess Clube" de Moscou. Morreu com 83 anos em Moscou. O falecido campeão do mundo foi incinerado e enterrado no cemitério Novodevichy da capital russa.

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A fotografia abaixo foi feita por seu sobrinho Igor Botvinnik, por ocasião do 11º aniversário da morte de Mikhail Botvinnik, em 5 de maio de 2006.

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Espero que com esta contribuição tenha conseguido enriquecer vossa memória da história do xadrez.

Para nós, os mortos vivem!

Frank Mayer

Frank Mayer
Enxadrista de origem alemã,
residente em Barcelona.
Catalunha. Espanha






Tradução para o português: Elias Muniz

FONTE: http://www.torre21.com

Um comentário:

Jean disse...

Brilhante artigo. Todos os créditos de Torre21.com