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quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Escolas norte-americanas reconhecem os benefícios do xadrez



Julie Taboh

Washington

26 de novembro de 2008


Estudos ao redor do mundo têm mostrado que jogar xadrez traz benefícios, sobretudo para as crianças. Inspirados por essa constatação, cada vez mais professores nos EUA tentam incorporar o xadrez à vida de seus alunos.



Frankie Roth (foto) costumava ser uma criança-problema. Georgia Clark, diretora da escola onde ele estuda, em Maryland, lembra a primeira vez que o encontrou.


“Minha primeira impressão sobre Frankie foi: ‘Precisamos fazer algo para ajudá-lo, ele não vai conseguir’. Ele estava na 3a série e tinha problemas com todos os adultos que encontrava.”


A diretora Clark decidiu inscrever Frankie em seu programa de xadrez, que era uma atividade extraclasse. Em poucos meses, ela presenciou uma mudança incrível no comportamento do menino.


“Quando ele finalmente se deu conta de que poderia ter sucesso num clube de xadrez, começou a desabrochar, a se desenvolver”, diz ela. “Em relação aos últimos dois anos, vejo uma enorme diferença nele”.


Cerca de 30 países, incluindo a Rússia, valorizam o xadrez a ponto de incluí-lo nos currículos escolares. Dois dos maiores campeões da história do xadrez, Garry Kasparov e Anatoly Karpov, são russos. Apesar do sucesso estrondoso de Bobby Fischer, os Estados Unidos ficaram para trás nessa iniciativa.


Agora, um número crescente de escolas públicas nos EUA está oferecendo programas de xadrez como atividade extracurricular.


Jim Fite é o criador e treinador do clube de xadrez da escola primária North East. Segundo ele, os especialistas estão de acordo quanto aos benefícios que o xadrez proporciona ao cérebro de uma criança, já desde os 2 anos de idade.


“Todos eles dizem que, sem dúvida, o xadrez ajuda as crianças a desenvolverem o intelecto”, relata Fite. “Ajuda-as nas habilidades matemáticas, ajuda-as nas habilidades de leitura”.


“O fato é que basta ter algumas peças sobre um pequeno tabuleiro para iniciar uma tremenda atividade...”.


Muitos jogadores da escola North East sentiram-se atraídos pelo jogo mais pelos benefícios à auto-estima do que ao intelecto.


“Quando eu venço, fico feliz, e é ainda melhor quando venço alguém que é muito bom em xadrez”, diz um garoto do clube.


“É muito legal jogar xadrez porque você pode vencer outras pessoas”, diz outro garoto.


Os estudantes em Maryland também podem participar de torneios e ganhar pontos em direção a um objetivo maior: duas bolsas de estudo integrais para a Universidade de Maryland, Condado de Baltimore, são oferecidas todos os anos para os jogadores com melhores pontuações.


“Falo para os garotos: ‘É muito mais fácil vocês conseguirem chegar à faculdade pelo xadrez do que pelo futebol [norte-americano]. Há muitas crianças jogando futebol, batendo–se umas contra as outras. Tudo o que vocês precisam fazer é sentar ali e mover as peças...’ ”, diz o treinador Fite.


Shinsaku Uesugi é um estudante colegial do subúrbio de Washington. Aos 13 anos, ele conseguiu uma dessas bolsas. O seu conselho para as crianças é que elas continuem jogando xadrez, independentemente de conseguirem ou não uma bolsa de estudo.


“Eu as aconselho a simplesmente jogar com os amigos e se divertir. Afinal, se você não se diverte, para que jogar?”, indaga Uesugi.


Para Frankie Roth, o xadrez melhorou a sua auto-estima. Os seus professores chegam a relatar que ele superou a gagueira.


“Acho que o xadrez me ajudou talvez a ser mais paciente e a pensar adiante”, diz Roth.



“Eu gosto de jogar, mas é melhor ainda quando eu ganho”.


Fonte: VOA News

Tradução: Roberto Monteiro de Lima (Bebeto)

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