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quarta-feira, 9 de julho de 2008

As 50 regras do Professor de xadrez

As 50 regras de ouro do professor de xadrez

Estas regras são modos, exemplos, condutas com notas que permitem a análise de como ser professor e comportar-se diante dos alunos. Há muito mais regras e algumas serão esboçadas para compreensões mais profundas em outro ocasião. Receberei todas sugestões, para melhorá-las ou corrigi-las. Elas são apenas o resultado de uma grande experiência docente dentro ou fora do jogo - Jorge Laplaza

Na escola

1. Conte com uma programação. Para cada grupo defina primeiro os objetivos que espera alcançar. Tenha claros os temas e as possibilidades normais de chegar a eles para os alunos. Não seja pretensioso e os faça compartilhar com os pais e com eles mesmos. Se estiver em um bom ambiente didático, converse com o grupo docente que tem um programa compatível com o seu, faça com que incidam as habilidades cognitivas que verificam os objetivos.

2. Faça um planejamento. O planejamento deve conter a maneira como pretende cumprir os objetivos e os tempos em que supõe que o fará. O planejamento por meio de projetos inclui temas concretos e práticas que deverá realizar com o seu grupo. Não repita as formas, tente variar as atividades, mude, não faça sempre o mesmo. Alterne torneios com explicações, jogos diversos, atividades sociais nas quais os alunos mais velhos e com mais conhecimento sejam os professores temporários dos menores, faça equipes, planeje tarefas com computadores, jogue com eles, convide mestres ou professores novos, aplique avaliações escritas, proponha aos alunos que eles façam desenhos e expressem o xadrez de outras formas. Dentre várias outras maneiras de reativar gradativamente o interesse dos alunos.

3. Recorra às perguntas. As perguntas que o professor faz ao aluno permitem uma interação didática importante. Ao dirigir-se especificamente a um aluno se consegue atraí-lo ao tema, mobilizá-lo na busca de soluções. Não faça uma pergunta e conteste imediatamente com a resposta. Deixe que o aluno ponha em marcha a sua própria compreensão. Faça de cada pergunta uma situação problema – resolvendo-o na medida do necessário. Dê destaque aos exemplos que dá e situe-os de forma preponderante se serão modelos para o futuro. Surpreenda e assuste os seus alunos.
4. Não os faça jogar sempre. Faça com que as partidas sejam resultado de uma aula. Que o jogar tenha relação, para a sua prática, com o tema. Todavia, além de jogar e medir-se com partidas, os alunos devem ser convocados à solução de problemas, à composição, à análise metodológica, ao trabalho de arquivo ou de investigação, à leitura ou ao libertar-se de sua imaginação criadora com vários exemplos que podem não incluir o jogo em si. Os alunos desejam jogar sempre. Imponha um ritmo, por exemplo, divida o tempo da aula em três períodos, sendo o primeiro reservado para a atenção à sua explicação, o segundo para o exercício escrito e o terceiro para o jogo livre.
5. Espacie os torneios. Não devem ocorrer em datas próximas os torneios que medem os esforços competitivos. Uma das razões é que cada campeonato deve ser desfrutado por um certo período de tempo, aumentando a sua importância, pois assim eles também terão maior importância na avaliação dos progressos para cada aluno.

6. Diversifique atividades. As atividades de uma série de aulas devem ser diversificadas. Alterne uma aula expositiva com um campeonato de acertar jogadas, ou com resolução de problemas ou de jogo livre: a variedade é uma arma pedagógica que motiva a continuidade dos alunos.
7. Avalie com exatidão. As avaliações são muito importantes na aprendizagem do aluno. O seu valor está em jogo e ele deve sentir que você o ajuda a conhecer-se. Nunca valorize pouco ou em demasia. As notas com contagens complexas são apreciadas pelos alunos e os motiva a desenvolver a precisão. Não é o mesmo avaliar com uma nota 10 ou com uma nota 100. Com a minúcia o professor consegue qualificar ao que trabalha e aprecia-lo. Se acreditar que uma qualificação é discriminatória busque entender o prejudicado e ajuda-lo especialmente. Nunca qualifique nivelando para cima ou para baixo. É aconselhável também diversificar as maneiras de avaliação. Um ranking é sempre uma possibilidade interessante. E pode não ser apenas um ranking geral, pode fazer classificações por turmas.
8. Divida grupos. Sempre que começar com uma turma, verá como há alunos que superam em rapidez e habilidade a outros alunos. Uma recomendação é agrupar no jogo ou nas instruções aqueles que possuem nível similar. Existem diversas maneiras nas quais o professor pode atender à diversidade dos grupos.
9. Equilibre com as meninas. As meninas não são diferentes dos meninos em muitas das habilidades que põem no jogo a sua aprendizagem, mas sim podem ter motivações competitivas de outro tipo. Faça com que elas joguem freqüentemente com os meninos e diversifique as formas de competição para descobrir em quais elas se sentem mais a vontade sem as habituais discriminações que por fatores competitivos as fazem sentir.
10. Aceite a intervenção de docentes. Proponha a outros professores da escola que se interessem pelo que você faz. Pode ser interessante também convidar mestres para que dêem aula no seu lugar para que você possa verificar os comportamentos e aprendizagens dos alunos, porque a ótica de espectador permitirá que você veja novas características em seus alunos. A intervenção de especialistas docentes lhe trará formas ainda não imaginadas de atuar frente à aula.
11. Modifique regulamentos. Nem sempre as regras normais são as mais apropriadas quando os garotos ainda não necessitam delas como os mestres. Mudar os tempos de jogo ou terminar uma partida antes do mate, ou fazer que a vitória de alguém surja por fatores alheios ao regulamento é uma ferramenta muito útil. Sobretudo se houver pouco tempo para realizar uma avaliação do jogo. Faça com que eles entendam que se você fixa regras distintas é por causas explicáveis. Há jogadores que em certas idades não respeitam as regras, por exemplo, da peça tocada ou algumas complexidades do regulamento. Estas regras não são de grande necessidade e você deve desculpá-los sabiamente.
12. Primeiramente a tática. O desenvolvimento tático e as combinações são sempre a primeira arma que os alunos utilizam. Deixe que eles usufruam desta arma, mostrando belas jogadas e fazendo que o aluno participe como se fosse o mestre que as executa. Comece com os mates em uma jogada.
13. Não somente aberturas. Não ensine aberturas como parte principal do jogo. Prepare temas que modelem as formas de atacar com Peões, a importância de como manter o centro, de como descobrir sinais de transformação, de finais básicos encadeados a ações do meio jogo e mostre idéias de como salvar as partidas perdidas. Proponha recursos que abrilhantam a experiência e faça que eles vejam o sentido do plano geral para que vejam a partida como um todo, a partir de pontos de vistas globais. Ensine a raciocinar as jogadas mais elementares.
14. Preocupe-se com a diversidade. É um tema maior. Quando se vão separando naturalmente os grupos por níveis e por idades, crie estratégias para que convivam entre si. Faça que os maiores treinem os menores, que tenham qualidades de tutores, que formem equipes não homogêneas. Faça com que cada subgrupo tenha uma parte das aulas reservada para ele. Use as simultâneas didáticas para estar com cada nível diferente de jogadores ao mesmo tempo.
15. Cada um ter a sua vez. Quando uma explicação se basear em perguntas, sempre surgirá um aluno que será mais rápido para dar uma jogada ou para descobrir uma idéia. Não deixe que sua resposta iniba a dos mais lentos, permita que eles tenham o seu tempo, porém deixe bem claro que você sabe quem foi o primeiro a conseguir. Ele necessita consagrar-se frente a todos e frente a você também e somente com o olhar você pode lhe satisfazer esta necessidade sem atrapalhar a busca de solução do grupo mais lento.
16. Não se baseie apenas nos resultados. Ser resultadista é bom e mau, segundo muitas variáveis. Há muitos comportamentos que devem ser estudados além da busca do êxito competitivo. Aprecie as outras maneiras de seguir um caminho e reconheça o valor daqueles que nem sempre obtêm bons resultados. Espere-os e faça com que eles usufruam dessa espera sem prejuízo da evolução dos melhores.
17. Use o material adequado. Nem sempre o material indispensável para uma aula são os jogos ou o mural. Conte histórias ou anedotas aos mais novos ou iniciantes, utilize material audiovisual com os maiores, trabalhe com lâminas, diagramas e desenhos ou outros tipos de expressão como materiais impressos para fixar os conhecimentos ou resoluções escrevendo. Utilizando o giz e a lousa, algumas palavras escritas poderão ser guardadas de maneira mais eficiente. Prepare fantasias para uma demonstração, consiga peças grandes para jogar em um pátio ou em uma praça, faça cartazes para a sua exposição. Fabrique peças de plástico ou acrílico ou mande construir tabuleiros de materiais distintos.
No clube

18. Respeite o Campeão. No quesito resultados, o campeão é seu personagem favorito. Faça que todos o considerem, porém que ninguém assuma brevemente esta lista. E mostre-se impressionado com os progressos de cada um. Um campeão é um líder que arrasta e valoriza a sua função de exemplo para os demais, além disso, deve ser uma boa pessoa, sociável e não egoísta. No entanto, nunca se esqueça de que todos aspiram a ser campeões e você deve garantir isto a cada um a seu tempo. Faça com que cada um sinta que é campeão para você.
19. Os pais devem ser considerados. Geralmente os pais são os maiores fãs dos filhos. Explique a necessidade que eles possuem de compartilhar um espaço com outros pais de igual fanatismo. Não deixe que um tome a condução de um grupo. Ele acabará abandonando a todos os demais para favorecer o seu ego na pessoa do filho. Faça que eles compreendam esta necessidade de equilíbrio de direitos. Os pais podem ser um importante aliado na hora de conseguir recursos se conseguir fazer com que eles compreendam a sua função. E se eles não souberem jogar proponha um cursinho para que aprendam e possam acompanhar e ver o progresso de seu filho.
20. Organize recreações alternativas. As circunstâncias das salas de xadrez podem ser cansativas se o mesmo esquema se repetir sempre. Diversifique alternando os tempos dedicados a aprendizagens e torneios. Proponha bate-papos, saídas, passeios, pequenas tarefas comunitárias, com os pais e com os alunos. Partidas de futebol ou outros esportes, saídas ao cinema ou para jantar juntos, junte-os em alguns jogos virtuais. Verá o comportamento de habilidades tanto intelectuais quanto sociais ou interpessoais que lhe ajudarão a compreender o aluno em outros meios para a formação de novas experiências.
21. Resultados, cada qual a seu tempo. Em todo grupo há indivíduos mais rápidos que outros. Passe a planejar tarefas ou partes de jogo com possibilidades de entusiasmar ao melhor resultado neles. Quando conseguir, trate de transpor estas tarefas ao campo enxadrístico. Sempre tenha em conta os tempos médios com que um menino de determinada idade e tempo de aprendizagem necessita para igualar aos outros e não deixe de explicar a todo o momento esta circunstância.
22. Complete os horários. Em uma aula não permita que os alunos tenham vazios durante o tempo de ensino: se você planejou trabalhar com uma aula de 2 horas, tenha material suficiente para estas duas horas. Seja pontual ao começo de cada aula.
23. Respeito e sentimento de equipe. Em cada grupo de aprendizagem, os alunos vão fazendo amizades entre si. Não deixe que eles sintam as diferenças que sempre existem, por exemplo, forme pares de um forte contra um fraco para realizar competências nas quais cada um tem o seu papel.
24. Prêmios, diplomas e evolução. Toda atividade merece um prêmio se for bem executada. Nem todos merecem um prêmio. Acostume os alunos com a idéia de que há apenas um primeiro lugar. Os prêmios de consolação são para os piores e os alunos não ignoram este fato. Agradeça a participação com um diploma que o certifique. Procure bons troféus nos quais possam ser exibidos o nome do premiado e o motivo da premiação. Identifique-os, será uma recordação para toda a vida do aluno. Se lhe entregar um livro, não deixe de escrever uma dedicatória. Não entregue prêmios em dinheiro. Tenha circuitos nos quais se possa premiar a evolução, por exemplo, com certificados.
25. Usar pastas. Conservar em uma pasta todo o material usado na aula é sumamente importante. Relacionar as fases da aprendizagem própria dá perspectiva e satisfação à tarefa de aprender. Conservar recortes de jornais, análises próprias, esboços de idéias anotadas, arquivo de torneios e estatísticas, notas de aulas ou reflexões sobre elas, se constituem em excelente material para o progresso individual.
26. Planejamento das aberturas de cada aluno. As idéias sobre o repertório de aberturas têm que ser passadas sempre de duas maneiras: individual ou em grupo. Ter um repertório comum ajuda o sentido do grupo e alimenta estudos coletivos das linhas com a contribuição de todos. Por outro lado, cada aluno ter a sua própria seleção ajuda na definição das características que cada professor passa a cada caso particular de acordo com a sua psicologia e necessidades competitivas individuais. Um repertório lógico se adapta ao histórico da carreira do aluno: as aberturas abertas primeiro, com a tática e aceitando os gambitos que vão levar a linhas agudas, em seguida as semiabertas com menor jogo tático inicial, porém com o apoio no ataque planejado, e depois, as de mínima vantagem central como as de Peão de dama e semifechadas e por último as fechadas ou hiper-modernas. Mesmo dentro de cada abertura, podemos falar em variantes adequadas a cada degrau da carreira do aluno. Não eleja as aberturas especulando. Para cada idade há um repertório aconselhável. Os garotos não são mestres e não devem jogar aberturas profissionais porque eles não as entenderiam. Convença-os a jogar uma linha mesmo contra as suas comodidades (porque eles tendem a jogar linhas somente pelo fato de já terem vencido com o uso delas). Faça com que eles raciocinem as aberturas com base nos princípios básicos. E os faça jogar alguns torneios temáticos.
27. Quando deixar de competir: problemista ou organizador de torneios. Brinde cada aluno de seu grupo com a possibilidade de encarregar-se da organização de torneios. Você sempre necessitará deles na organização, como fiscais ou como dirigentes. Ensine boas idéias para a condução de um evento, bem como as situações éticas que acompanham o seu desenvolvimento. E faça com que eles componham problemas, mostre para eles a beleza do jogo em geral. O jogo prático é sempre enfeitado por outras maneiras de adota-lo.
No alto rendimento

28. Preparação intelectual: as habilidades. Para uma correta compreensão do que aprende, ensine a seu aluno como se definem e se manifestam as distintas habilidades cognitivas que ele põe no seu jogo. Mostre como funciona a sua memória, sua capacidade de armazenar jogadas, sua atenção distributiva, sua capacidade heurística, o valor das comparações analógicas, sua vontade e resistência.
29. A confiança no professor. Prepare-se para quando um aluno superar o seu nível de jogo. A confiança que deve ter na conversão dos papéis (de professor a analista ou treinador) é um sinal de maturidade do aluno e da criação de sua própria independência intelectual. E que ele possa compreender o seu serviço e amizade.
30. Preparar para a liberdade. Prepare cada aluno para as melhores respostas psicológicas pessoais. Sua compreensão e intromissão no tema são mais que apreciáveis. Ninguém conhece melhor os seus alunos do que aquele que convive um bom tempo com o seu desenvolvimento. Quando ele for jogador, deve sentir que possui poder próprio.
31. Repertório de Aberturas. O repertório de um jogador avançado deve ajustar-se às suas características individuais. Muitos preferem fugir de esquemas conhecidos com o intuito de jogar o que o adversário não joga. Às vezes é necessário colocar na cabeça deles que o melhor jogo é o que jogam os grandes mestres e que buscar no caminho já trilhado uma novidade depende de um trabalho caseiro, mas não deixe que eles pensem que é fácil esta situação. Outras vezes o jogador jovem se sente atraído pelo jogo dos campeões. Busque o seu estilo no repertório que mais valorize sua capacidade estratégica e tática. Não deixe que ele apenas siga uma moda. E não desprestigie a investigação de linhas antigas: isso o preparará para a investigação, uma ferramenta fundamental.
32. A preparação psicológica. Muitas são as maneiras de fazer com que o aluno saiba quais são as suas preferências ao encarar uma situação durante a partida. Faça aquele que não gosta de complicações trabalhar esta dificuldade, por exemplo, fazendo-o sacrificar Peões logo na abertura. Quando perceber um jogador excessivamente tático, obrigue-o a trocar as Damas previamente e a jogar pré-finais com mínimas vantagens. Outras preparações psicológicas se referem a estudos complexos sobre a personalidade e o rendimento sem deixar de considerar fatores como a autoconfiança, a falta de segurança, etc. A proposta de estudos de abertura deve ter mais a ver com a confiança geral frente uma partida, do que com a segurança de uma linha particular.
33. A alimentação. As maneiras de comer e seus ritmos e composição nutricional da comida proporcionam segurança dos processos internos no organismo. Estude essas maneiras que um aluno se alimenta com um especialista e evite digestões longas e que adormecem. O leite é um excelente nutriente para o enxadrista, e os carboidratos para o alimento do cérebro em profundo desgaste. Tem a sua importância o fósforo e o ferro e outros minerais. Investigue sobre as melhores maneiras de alimentação de seus alunos e os hábitos como tomar mate ou café ou comer massas. Em algumas ocasiões escutamos (o GM Pachman, no Mundial de Baguio) recomendações de comer carnes vermelhas em vez de vegetarianismos para aumentar a combatividade. Não esqueça que o oxigênio é o principal alimento dos neurônios.
34. A preparação física. O corpo em plena vitalidade é algo imperioso no alto desenvolvimento do xadrez. A capacidade de oxigenação durante uma longa partida melhora com a prática da natação e de atividades aeróbicas. Uma caminhada antes de cada partida é sempre recomendável. Os exercícios violentos ainda que sejam praticados muitas horas antes da partida deixam o corpo cansado. O tênis de mesa sempre foi um bom complemento da prática do enxadrista. Tente conhecer as respostas e os sinais vitais do coração e dos pulmões dos alunos com testes biométricos.
35. O estilo. No alto nível de rendimento o estilo se forma com os estudos particulares. Um aluno que busca seu próprio estilo deve receber a sua ajuda. A maioria observa se é de estilo tático ou estratégico, mas em geral é uma combinação desses e de outros fatores. Estude, por exemplo, durante várias partidas rápidas, quase sem pensar, como se comporta o aluno. Se roca rápido ou prioriza ataques, se desenvolve determinadas peças mais do que outras e tudo o que definir alguma singularidade no seu agir. Avalie depois sua relação com definições estilísticas e proponha formas de atuar de acordo com elas.
36. Métodos de avaliação. Os métodos de avaliação no alto rendimento precisam se relacionar com as capacidades possíveis de testar e de individualizar. Proponho estudos sobre as formas de eleição dos lances candidatos, as formas de hierarquizar o trajeto da eleição, as maneiras de traçar hipóteses viáveis, o alcance da visão interna, a correção das análises complexas, o despertar de esquemas táticos etc. Como métodos, os testes dão algumas informações valiosas. A avaliação por meio de torneios pode condicionar a um único parâmetro inútil.
37. Vontade de vencer. A agressividade e a resistência estão sempre unidas à vontade de vencer. Todavia é necessário formar esta atitude específica com motivações. Os prêmios e satisfações devem ser argumentos válidos sem deixar que obscureça o espírito competitivo.
38 Métodos de alta preparação. Matches, torneios, etc. Prepare uma série de tarefas e objetivos a alcançar em médio prazo, por exemplo, em um ano. Não mais. Um objetivo pode ser alcançar uma determinada pontuação de rating. Ou fixe tarefas e torneios adequados a um plano que incluam uma forma visível no tempo em matéria de alguns êxitos em torneios e desenvolvimentos que possam ser medidos em testes. Um plano de trabalho completado proporciona estabilidade nos desejos de sucessos individuais e coletivos.
No torneio

39. Observar reações. Um torneio deve ser uma oportunidade de avaliar comportamentos. Sempre duvide daqueles que sustentam que um treinador ou professor deve ficar alijado da observação direta de seus alunos em um torneio. Tenha em conta que quem sustenta semelhantes argumentos são pessoas que insultam o conhecimento tentando prevenir corrupções que possam ocorrer. Um professor consciente deve saber as situações emocionais pelas quais passa o seu aluno já que a partir daí buscará a forma correta de corrigir uma reação defeituosa.
40. A preparação de cada partida. As preparações devem ser realizadas ao fim de cada treinamento, antes das competições. Nos torneios, a preparação é conjuntural e superficial. Longas análises ao inteirar-se de uma linha que um futuro rival joga, podem ser feitas pelo treinador sozinho para que ele possa fazer recomendações não muito profundas ao aluno. O principal é jogar dentro do que se está seguro. Por isso é conveniente preparar um repertório de variantes para cada torneio e de situações de jogo que possam variar até o que o aluno mais deseje jogar, ou o que lhe convenha segundo as posições. Jogar para ganhar sempre é algo especial para muitos jovens, porém a experiência indica que quem ganha torneios são aqueles que sabem regular e definir quando e contra quem devem jogar por empate ou a esperar os erros do adversário.
41. O apoio diante da derrota. Uma derrota é algo especial para um jovem enxadrista. Conseguir que ele não se importe, compreendendo que ainda está em fase de desenvolvimento é uma prova de maturidade alcançada. O professor não deve ser concludente com respeito a uma situação deste tipo, não deve repreender violentamente. Deve tirar algumas lições da derrota. Buscar no erro analisado especialmente a situação de lógica recuperação, nunca deixar o aluno diante do abismo. Analise mais as partidas nas quais ele foi derrotado do que as que ele ganhou. Proponha alguma rápida reparação para o erro, pois se o aluno souber que tem correção poderá sentir que a derrota não é para sempre e buscará revanche.
42. Plano de jogo antes e depois da partida. As modificações no plano de jogo devem estar à disposição das circunstâncias. A todo o momento altere o plano que propõe ao aluno, brindando-lhe com a segurança de que não alterará a preparação que sua experiência vai acumulando durante os torneios. Faça-o variar se achar que não o desestabilizará muito como para que o torneio tenha significação como método de preparação longa que leva com ele.
43. Normas gerais: Não é bom deixar o aluno dormir muito durante um torneio. E não deixe que ele jogue partidas rápidas no decorrer de qualquer torneio. Umas poucas partidas podem se relacionar com a sua situação nos jogos e com a sua preparação, mas muitas partidas atrapalham todo o planejado. Faça que o aluno se sinta concentrado para todos os torneios, que não tenha excessivas distrações, nem tampouco que se aborreça nas horas em que espera o início de uma partida. Faça o possível para que ele não viva situações de conflito, sobretudo quando precisar protestar por alguma regra. Os passeios noturnos não favorecem a situação geral de concentração. Tampouco as partidas de futebol. Os jogos de salão são saudáveis. Ver televisão também. Os vídeo-games provocam estados de desacomodação intelectual notáveis, ainda que possam ser considerados estimulantes.
Em geral

44. Quando o aluno quiser abandonar o xadrez. Nunca nenhuma situação deve acarretar uma má compreensão das próprias habilidades. A espera de que melhorem os rendimentos pode verificar outras situações de valor. Você deve pôr aquele que tiver ímpetos de abandono em outros tipos de situações competitivas, por exemplo, em torneios de outros tipos, como xadrez progressivo, composição de problemas, desafio de acertar lances ou jogos de equipes nos quais sua pouca habilidade passe desapercebida quando acompanhado de jogadores mais fortes. Convença-o de que algumas habilidades requerem maior tempo de assimilação dependendo da idade e da formação individual.
45. Investigar condições oriundas do xadrez. Saber como influi o xadrez e sua prática nas condições intelectuais e sociais daqueles que o aprendem é fundamental. Recorra à bibliografia sobre o tema, pergunte a especialistas e observe outras perspectivas.
46. A vida do enxadrista profissional. Observe os enxadristas satisfeitos com a eleição do xadrez como seu meio de vida. Principalmente aqueles que deixaram algumas atividades de suas vidas para dedicar-se ao xadrez. Compreenda cada realidade de seus alunos. Relacione o enxadrista com as formas normais de se sustentar. Fundamentalmente, não minta.

47. A vida do homem com o xadrez amador. O xadrez amador também é um objetivo no ensino do jogo. Uma prática desfrutável é, para muitos, alcançar um determinado nível e depois se deliciar com o jogo. Não se esqueça que este tipo de enxadrista é o mais numeroso. Conviva com eles respeitando-os em um café ou num bar ou ainda em suas próprias casas. O jogo familiar é importante. E ensine aos pais a não ser enxadristas mais do que para observar e viver as experiências dos filhos e que as valorizem adequadamente.
48. A História que acompanha uma trajetória. Relacione a História das idéias no mundo com a de cada pessoa que dedique um tempo longo ao xadrez. As analogias são importantes para o ensino.
49. Falar da inteligência. Estude os novos temas e descobertas sobre a inteligência e as habilidades cognitivas, a inteligência emocional e social, o pensamento Vertical e o pensamento Lateral, a criatividade e suas múltiplas maneiras de expressar-se, seja com o xadrez ou não. Estes estudos lhe darão um marco de referência ao que faz.

50. Políticas para o desenvolvimento. Torne conhecida a sua atividade. A compartilhe com os pais e o público em geral. Reúna-se com quem não conhece o jogo, como professores de outros esportes e jornalistas que dizem que não publicam nada sobre xadrez porque não sabem jogar. Elabore um boletim do seu grupo com a participação dos alunos. Conheça e participe das formas de condução de clubes, federações e cultive nos alunos as boas práticas. Não recuse informação ou debate. Proponha sempre tribunais ou instâncias superiores que controlem as más artes no jogo e nas competições. Eleja e apóie diretores honestos. Não faça do “coleguismo” uma oportunidade especulativa. Fale aos alunos de políticas para o benefício de todos e relacione-as com os interesses dos seus futuros.
Fonte: site Laplaza

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