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segunda-feira, 7 de abril de 2008

Educação: uma questão de atitude


É comum atribuir diversos fatores para o bom desempenho de um país: tecnologia, distribuição de renda, educação. Em um país subdesenvolvido e não industrializado, como alguns países africanos, em que as desigualdades de classe atingem um valor altamente crítico, quase não há educação. Em conseqüência disso, falta conscientização da população e governos locais para enfrentar a crise. Não é surpresa que muitos desses, passem por regimes ditatoriais, que para consolidação de seu poder totalitário, restringe-se comunicação, liberdade de escolha, oportunidades.
Em todos os países do globo, existem desigualdades, estas, variam apenas de intensidade. Não se pode comparar os problemas enfrentados pela população de Serra Leoa, com a dos Estados Unidos. As realidades de cada um são muito diferentes.
Muitos tentam procurar soluções rápidas e precisas para crises, que países como estes, enfrentam. Duas características são constantes em quaisquer deles: a falta de distribuição de renda e educação. Dois fatores que influenciam um no outro.
Como fazer que crianças que desde cedo foram ensinadas, forçadas a impunhar uma arma, a estudar? Trocar uma metralhadora por um livro? Ensiná-las o significado da vida? Isso além de complicado exige tempo. A grande restrição por parte dos governos locais impediria um bom resultado de qualquer projeto.
No Brasil, a seguinte indagação poderia ser formulada:
Como fazer que crianças, que desde cedo ficam sujeitas a um mundo cheio de atrações, como jogos, filmes, mídia, entre outros, despertem o interesse pelo estudo?
Mas, ainda existe outro problema por trás disso. Como conciliar a vida de um menor abandonado, com a educação? De que maneira impedir que o mesmo, possa ser usado pelo crime? Que se torne um traficante? Que a exemplo de um garoto de Serra Leoa, impunha uma arma, aos 10 anos? E ainda, que não abandone a escola?
Um dos problemas que a educação enfrenta quase sempre é a evasão escolar. Muitas crianças são obrigadas a trabalhar desde pequenos, para ajudar nas despesas da família. Na maioria, estas, abandonam às escolas, por não mais verem sentido de estarem ali. Quantas não vão apenas para comerem a “merenda”, oferecida pela escola, visto que em suas casas, falta comida. A solidariedade e os inúmeros projetos sociais contribuem para amenizar essa realidade, que é constante em muitos lugares da Terra.
Como fazer, que estas crianças, despertem o interesse por um problema de matemática? Ou uma questão de química? Que gostem de ler e saibam interpretar? Que o faça compreender o porquê daquilo que estuda? A importância que isso poderá ter em sua vida?
A solução para estas dúvidas pode estar na criação de projetos cultural-esportivos.
A realização de palestras informativas nas escolas, sobre assuntos como AIDS, gravidez na adolescência, cuidados com o corpo, higienização bucal, meio-ambiente, entre outros temas polêmicos e presentes no cotidiano.
A inclusão do aluno em competições esportivas, para que possa perceber a importância do esforço e dedicação, do debate de idéias, do respeito aos colegas. Que compreenda a derrota e não desanime e saiba que a vitória foi conseqüência da dedicação sua e do grupo.
Existe um jogo em potencial que poderia ser utilizado para ajudar nisso. Hoje não muito apreciado pela maioria jovem: o xadrez.
Este, que, além de esporte é considerado ciência, arte e cultura, é uma das mais belas criações do homem. Claro que isso não pode ser percebido por alguém que não o conheça. Deparar-se com um tabuleiro de 64 casas, dispostas alternadamente em cores claras e escuras, com 16 peças na parte superior e 16 na inferior, arrumadas igualmente, pode não parecer algo tão belo.
Mas, em que reside a beleza do xadrez?
Detalhe curioso, que se todos os átomos do universo fossem somados, o valor seria de aproximadamente 10 elevado a 80, um número realmente alto, só não mais, que a quantidade de combinações possíveis em uma partida de xadrez: 10 elevado a 120!
A importância do xadrez consiste no fato que o jogo depende de dois fatores fundamentais: raciocínio e controle psicológico. Ou seja, o fator sorte não está presente nele. Além de desenvolver a capacidade de cálculo rápido, concentração e paciência. Na antiga URSS, o xadrez foi incorporado como disciplina obrigatória nas escolas. O resultado foi um maior interesse dos alunos às aulas, e um rendimento superior de 20 por cento. Muitas escolas do Brasil, hoje, possuem o xadrez como disciplina, e isso traz reflexos. Para um leigo, deparar-se com um jogo de xadrez, pode parecer tedioso e improdutivo. Este, não entenderá que isso pode e é prazeroso, produtivo e acima de tudo divertido.
Poderiam sem formados grupos, em lugares críticos como favelas, que pudessem passar isso as crianças. Tirá-las da violência urbana, principalmente aquelas que não possuem lar. Dar-lhes um sentido de existência. Aulas de iniciação enxadrística gratuitas nas escolas como sub-disciplina. Reuniões de conscientização com pais e professores, para que entendessem e passassem isso aos jovens. Formação de torneios e campeonatos, onde os mesmos poderiam por em prática seu desenvolvimento e competir. Criação de clubes, onde pudessem reunir-se e jogarem.
A grande vantagem do xadrez perante outros esportes, como futebol, natação, entre outros, está no fato de que um jogador de xadrez desenvolve muita facilidade de raciocínio, contribuição que esportes como os citados trazem muito pouco. Isso resulta em um melhor condicionamento da criança perante jogos, certas situações, decisões, entre outros. Para crianças ansiosas, por exemplo, o xadrez desenvolveria a capacidade de concentração e paciência, melhorando em muito seu desenvolvimento não apenas na escola, mas em sua vida.
Outro destaque, é que recentemente, um estudo realizado na Califórnia, aponta a prática do xadrez, como prevenção para o Mal de Alzheimer, doença degenerativa das células nervosas e que não possui cura. Segundo o pesquisador responsável, jogar xadrez, assim como tocar instrumentos, previne ou retarda o desgate dos neurônios. Os portadores de Alzheimer perdem suas lembranças, esquecem quem são seus familiares, amigos, tudo. Além disso, impossibilita diversas atividades motoras do corpo, levando ao paciente à morte.
São inumeráveis as contribuições que o xadrez pode trazer.
As desigualdades sociais é um fator do meio. Ela estará sempre presente. Para não existi-la, seria perfeição, realidade quase impossível.
A realização de projetos, como os abordados, como o xadrez, é uma iniciativa para diminuição do sofrimento que estas, provocam. Melhorar a educação significa melhora de vida, isso pode ser a longo ou curto prazo. Tudo dependerá do apoio por parte de colaboradores. Combater as desigualdades sociais é uma questão de atitude, seriedade e inovação, e o xadrez poderia contribuir para isto.


Jean Monteiro

Um comentário:

Anônimo disse...

Jean,

É isto aí! Pode crer!
O louco seria se as escolas públicas adotassem esta medida.

Valew!
[]'s,
Tunusat.
http://xadrezbasico.clubedexadrez.com.br